Foucault, leitor de Binswanger: o sonho na análise existencial
the dream in Daseinsanalysis
DOI:
https://doi.org/10.26823/rnufen.v17i1.25611Resumo
Na primeira metade da década de 1950, o centro do interesse teórico de Michel Foucault (1926–1984) girava em torno, sobretudo, da psicologia e da psicopatologia. Dentre os escritos dessa época, podemos destacar a introdução à tradução francesa de Traum und Existenz, de Ludwig Binswanger (1881–1966), como também seu primeiro livro, Maladie mentale et personnalité (1954). No curso Binswanger et l’analyse existentielle, Foucault realiza um exame rigoroso da Daseinsanalyse, comparando-a às abordagens da psiquiatria, da psicologia e da fenomenologia acerca da doença mental. Por conseguinte, a partir do curso mencionado e da introdução supracitada, o presente artigo busca apresentar e definir as teses centrais da Daseinsanalyse, conforme trata Foucault, com ênfase em sua crítica à interpretação binswangeriana do sonho. Assim, recorrer-se-á tanto à análise e à apresentação de certos conceitos da filosofia heideggeriana, quanto à psicanálise freudiana, na medida em que ambas dialogam com a análise idealizada por Binswanger.
Referências
Basso, E. (2010). “Le rêve comme argument”: Les enjeux épistémologiques à l’origine du projet psychiatrique de Ludwig Binswanger. Archives de Philosophie, 73, 655-686. http://dx.doi.org/10.3917/aphi.734.0655
Basso, E. (2015a). La correspondance entre Michel Foucault et Ludwig Binswanger, 1954–1956. In Bert, J. -F., & Basso, E. (Eds.), Foucault à Münsterlingen: À l’origine de l’Histoire de la folie (pp. 175-195). EHESS.
Basso, E. (2015b). Le rêve et l’existence, histoire d’une traduction. In Bert, J. -F., & Basso, E. (Eds.), Foucault à Münsterlingen: À l’origine de l’Histoire de la folie (pp. 141-166). EHESS.
Basso, E. (2021). Situation du texte. In FOUCAULT, M, Binswanger et l’analyse existentielle (pp. 179-204). EHESS; Gallimard; Seuil.
Basso, E. (2023). Foucault’s Critique of the Human Sciences in the 1950s: Between Psychology and Philosophy. Theory, Culture & Society, 40 (1-2), 1-20. http://dx.doi.org/10.1177/0263276420950824
Binswanger, L. (1928). Wandlungen in der Auffassung und Deutung des Traumes: von den Griechen bis zur Gegenwart. Springer.
Binswanger, L. (2002). O sonho e a existência. Natureza Humana, 4 (2), 417-449.
Defert, D. (2001). Chronologie. In Foucault, M., Dits et écrits I: 1954–1975 (pp. 13-90). Gallimard.
Deleuze, G., & Guattari, F. (2010). O que é a filosofia? (3a. ed., B. Prado Jr & A. A. Muñoz Trad.). Editora 34.
Elden, S. (2021). The Early Foucault. Polity.
Eribon, D. (1991). Michel Foucault (2e. ed). Flammarion.
Fernandez, A. V. (2018). Beyond the Ontological Difference: Heidegger, Binswanger, and the Future of Existential Analysis. In Aho, K. (Ed.), Existential medicine: essays on health and illness (pp. 27-42). Rowman & Littlefield International.
Foucault, M. (1954). Maladie mentale et personnalité. Presses Universitaires de France.
Foucault, M. (2001a). Introduction, in Binswanger (L.), Rêve et l’Existence. In Foucault, M, Dits et écrits I: 1954–1975 (pp. 93-147). Gallimard.
Foucault, M. (2001b). Michel Foucault, “Les Mots et les Choses”. In Foucault, M, Dits et écrits I: 1954–1975 (pp. 526-532). Gallimard.
Foucault, M. (2001c). Préface. In Foucault, M, Dits et écrits I: 1954–1975 (pp. 187-195). Gallimard.
Foucault, M. (2021). Binswanger et l’analyse existentielle. EHESS; Gallimard; Seuil.
Foucault, M. (2024). Nietzsche : Cours, conférences et travaux. EHESS; Gallimard; Seuil.
Freud, S. (2013). Sobre a psicologia dos processos oníricos. In Freud, S, A interpretação dos sonhos (Vol. 2., R. Zwick Trad.). (pp. 535-648). L&PM.
Galantin, D. V. (2021). Experiência e política no pensamento de Michel Foucault. Ed. UFPR.
Heidegger, M. (2015). Ser e tempo (10a. ed, M. S. Cavalcante Trad.). Vozes; Editora Universitária São Francisco.
Loparić, Ž. (2002, dezembro). Binswanger, leitor de Heidegger: um equívoco produtivo? Natureza humana, 4 (2), 383-413. http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S151724302002000200006&lng=pt&nrm=iso
Macey, D. (2019). Carnival in Musterlingen. In Macey, D, The Lives of Michel Foucault (pp. 47-71). Verso.
Montinari, M. (2003). Ler Nietzsche. In Chaves, E, No limiar do moderno: estudos sobre Friedrich Nietzsche e Walter Benjamin (pp. 241-249). Paka-Tatu.
Nalli, M. (2006). A recepção da fenomenologia da significação na proto-arqueologia de Foucault. In Nalli, M, Foucault e a fenomenologia (pp. 27-52). Loyola.
Nunes, B. (2016). Heidegger. Loyola.
Roehe, M. V., & Dutra, E. (2014). Dasein, o entendimento de Heidegger sobre o modo de ser humano. Avances en Psicología Latinoamericana, 32 (1), 105-113. http://dx.doi.org/10.12804/apl32.1.2014.07
Sabot, P. (2015). Entre psychologie et philosophie. Foucault à Lille, 1952–1955. In Bert, J. -F., & Basso, E. (Eds.), Foucault à Münsterlingen: À l’origine de l’Histoire de la folie (pp. 103-126). EHESS.
Sloterdijk, P. (2018). Regras para o parque humano: resposta à carta de Heidegger sobre o humanismo (4a. ed., J. O. de A. Marques Trad.). Estação Liberdade.
Spiegelberg, H. (1972). Ludwig Binswanger (1881–1966): Phenomenological Anthropology (Daseinsanalyse). In Spiegelberg, H, Phenomenology in Psychology and Psychiatry: A Historical Introduction (pp. 193-232). Northwestern University Press.
Stein, E. (2002). A analítica existencial. In Stein, E, Introdução ao pensamento de Martin Heidegger (pp. 59-76). EDIPUCRS.
Yasoshima, F., & Messas, G. (2018, agosto). Foucault e Binswanger: uma aproximação intempestiva? Revista da Abordagem Gestáltica, 24 (2), 196-203. http://dx.doi.org/10.18065/RAG.2018v24n2.8
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2025 Revista NUFEN: Phenomenology and Interdisciplinarity

Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution-NonCommercial-NoDerivatives 4.0 International License.