Vivência temporal e satisfação com a vida: um estudo de caso em psicoterapia

Autores

  • Ariane Voltolini Paião Universidade de São Paulo
  • Andrés Eduardo Aguirre Antúnez Universidade de São Paulo

DOI:

https://doi.org/10.26823/rnufen.v16i01.25146

Palavras-chave:

Vivência temporal, Satisfação com a vida, Método fenômeno-estrutural

Resumo

O objetivo deste estudo foi investigar a relação entre a vivência temporal e a satisfação com a vida. Uma paciente passou por 30 sessões de psicoterapia, compreendida pelo método fenômeno estrutural, e respondeu a escala de satisfação com a vida nas sessões 1, 15 e 30. No início das sessões, sua vivência do tempo mostrou-se acelerada. O tempo presente parecia um meio de sacrifício para o futuro, desprovido de um sentido autêntico. No final, a paciente pareceu estar mais conectada ao presente e alguns sentidos começaram a ser atribuídos ao futuro. A pontuação na escala de satisfação com a vida foi 18 (levemente insatisfeita), 24 (levemente satisfeita) e 29 (satisfeita), respectivamente. A satisfação com a vida da paciente aumentou conforme houve uma mudança na sua vivência temporal. Assim, pode-se concluir que a vivência temporal está relacionada à satisfação com vida e pode ser um importante recurso diagnóstico e terapêutico.

Biografia do Autor

Ariane Voltolini Paião, Universidade de São Paulo

Psicóloga Clínica, Mestranda no programa de Pós-Graduação em Psicologia Clínica do Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo (IP/USP).

Andrés Eduardo Aguirre Antúnez, Universidade de São Paulo

Professor Associado III (livre docente) do Departamento de Psicologia Clínica do Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo. Professor subsidiário do Instituto de Psiquiatria da FMUSP (desde 06/11/2020). Especialização em Psicologia da Saúde pela Escola Paulista de Medicina (CAPES), Mestrado em Saúde Mental (FAPESP), Doutorado em Ciências (FAPESP) e Pós-doutorado (FAPESP) em Ciências pelo Departamento de Psiquiatria e Psicologia Médica da Escola Paulista de Medicina da Universidade Federal de São Paulo. Membro da Société Internationale de Psychopathologie Phénoméno-structurale. Vice-presidente da Associação Brasileira de Rorschach e Métodos Projetivos (ASBRo). Membro do Centro Italiano di Ricerche Fenomenologiche, CIRF; Coordenador do Convênio Acadêmico Internacional entre IPUSP e Instituto Universitário ISPA. Preside o Círculo fenomenologia da vida e da clínica na USP (2017).

Referências

Antúnez, A. E. A. (2014). Perspectivas fenomenológicas em atendimentos clínicos. São Paulo: Novas Edições Acadêmicas.

Barthélémy, J-M. (1997). A análise da linguagem no Rorschach segundo o método fenômeno estrutural. In Anais I Congresso da Sociedade Brasileira de Rorschach e outros Métodos Projetivos e I Congrès de la Société Internationale de Psychopathologie Phénoméno-structurale. (p.99). Ribeirão Preto: [s.n].

Barthélémy, J-M. (2006). Importance et extension de l’approche qualitative dans la méthode phénoménostructurale en psychopathologie. Bull. Soc. Sci. Méd. 2, 249-264.

Barthélémy, J-M. (2012). Origem e contexto da emergência da noção de estrutura em psicopatologia fenômeno estrutural: evolução do conceito, seu lugar e suas implicações nas práticas clínicas contemporâneas. Psicopatologia Fenomenológica Contemporânea, 1(1), 88-105.

Conselho Federal de Psicologia. (2020). Resolução nº 4, de 26 de março de 2020. Brasília, DF.

Costa, V. E., & Medeiros, M. (2009). O tempo vivido na perspectiva fenomenológica de Eugène Minkowski. Psicologia em Estudo, 14(2), 375-383. doi: https://doi.org/10.1590/S1413-73722009000200019

Diener, E., Emmons, R. A., Larsen, R. J., & Griffin, S. (1985). The satisfaction with life scale. Journal of Personality Assessment, 49(1), 71–75. Recuperado de: https://psycnet.apa.org/record/1985-27000-001

Faizibaioff, D. S., & Antúnez, A. E. A. (2015). O aspecto pessoal (vivido) em Minkowski como fundamento diagnóstico e metodológico da Psicopatologia Fenômeno-Estrutural. Bol. Acad. Paulista de Psicologia, 35(88), 39-58. Recuperado de: http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1415-711X2015000100004

Fuchs, T. (2001). Melancholia as a desynchronization. Towards a psychopathology of interpersonal time. Psychopathology, 34, 179–186. doi: https://doi.org/10.1159/000049304

Gouveia, V. V., Barbosa, G. A., Andrade, E. O. & Carneiro, M. B. (2005). Medindo a satisfação com a vida dos médicos no Brasil. Jornal Brasileiro de Psiquiatria, 54(4), 298-305. Recuperado de https://pesquisa.bvsalud.org/portal/resource/pt/lil-438324

Helman, Z. (1998). Psychopathologie phénoméno-structurale et méthode de Rorschach: l’évolution d’uncourant, ses développement actuels. Bulletin de psychologie, 51(434), 93-99.

Jaspers, K. (1979). Psicopatologia geral. Psicologia Compreensiva, explicativa e fenomenologia (2ª ed.). São Paulo: Atheneu.

Minkowski, E. (1933). Le temps vécu. França: PUF.

Minkowski, E. (1999). Traité de Psychopathologie. França: Empêcheurs.

Minkowski, E. (1973). El tiempo vivido: estudios fenomenológicos y psicológicos. Mexico: Fondo de Cultura Económica.

Minkowski, E. (2000). La esquizofrenia: psicopatologia de los esquizóides y los esquizofrênicos. Mexico: Fondo de Cultura Económica.

Messas, P. G., Fukuda, L., & Fulford, W. M. K. (2022). The Dialectics of Altered Experience: How to Validly Construct a Phenomenologically Based Diagnosis in Psychiatry. Front. Psychiatry. 13, p. 867706. doi: https://doi.org/10.3389/fpsyt.2022.867706

Moskalewicz, M. & Schwartz, M. A. (2020). Temporal experience as a core quality in mental disorders. Phenomenology and the Cognitive Sciences, 19, 207-216. doi: https://doi.org/10.1007/s11097-020-09665-3

Pavot, W., & Diener, E. (2008). The Satisfaction With Life Scale and the emerging construct of life Satisfaction. The Journal of Positive Psychology: Dedicated to furthering research and promoting good practice, 3(2), 137-152. Recuperado de: https://psycnet.apa.org/record/2008-03970-005

Ratcliffe, M. (2012). Varieties of temporal experience in depression. Journal of Medicine and Philosophy, 37(2), 114–138. doi: https://doi.org/10.1093/jmp/jhs010

Woodgate, R. L., Tennent, P., & Legras, N. (2021). Understanding Youth’s Lived Experience of Anxiety through Metaphors: A Qualitative, Arts-Based Study. Int. J. Environ. Res. Public Health, 18. doi: https://doi.org/10.3390/ijerph18084315

Downloads

Publicado

2024-04-30

Como Citar

Voltolini Paião, A., & Eduardo Aguirre Antúnez, A. (2024). Vivência temporal e satisfação com a vida: um estudo de caso em psicoterapia. Revista NUFEN: Phenomenology and Interdisciplinarity, 16(01). https://doi.org/10.26823/rnufen.v16i01.25146

Artigos Semelhantes

1 2 3 4 5 > >> 

Você também pode iniciar uma pesquisa avançada por similaridade para este artigo.